sexta-feira, 2 de julho de 2010

Kuyt, Sneijder, van Persie e van Marwijk

Não consegui fazer uma prévia Brasil e Holanda, graças a problemas em minha conexão (de quebra não mudei meu time de fantasy – o que fez com que Sneijder fosse mantido como capitão, então nem devo reclamar – e tive dificuldade de atualizar, e acompanhar, o twitter). Mas gostaria de repetir algumas anotações que eram para este post e continuam válidas.

Observando os jogos da fase de grupos apontei aqui que Kuyt foi meia pela direita. Uma das ferramentas que utilizo para conferir o posicionamento dos jogadores é o ‘heat map’ disponibilizado pelo site da FIFA. Eduardo Cecconi, no indispensável blog Preleção, foi perfeito ao demonstrar com dois desses mapas de calor que o posicionamento de Kuyt no jogo contra a Eslováquia foi alterado (clique aqui para ir ao Preleção): se na 1ª fase ele estava no meio alinhando com van der Vaart, no jogo das oitavas ele foi atacante, alinhando com Robben (cujo retorno reestabelecia o time titular idealizado por Bert van Marwijk).

O jogo era contra a Eslováquia, entretanto. O técnico holandês precisou que o trio de ataque (nenhua dúvida sobre isso naquele jogo) agredisse mais. Hoje, contra o Brasil, Kuyt ficou mais atrás, seu mapa de calor está mais vermelho em região próxima à linha divisória, pela esquerda. O de Sneijder também está nesta região, mas mais no círculo central. Robben mordeu, em busca de um contra-ataque, um pouco mais adiantado, mas ainda bem perto da "linha que divide o gramado". Perto da área brasileira, um pouco mais "alaranjado" devido à grande movimentação, estava van Persie.

Esta versatilidade, a possibilidade de jogar pelo contra-ataque, mas també conseguir propor o jogo, é uma clara vantagem da seleção holandesa sobre a brasileira. Que não jogou mal no tempo inicial, mas falhou no segundo tempo. Ainda assim não acho que o time de van Marwijk está, de todo, "acertado".

Kuyt seria, imagino, melhor escolha para jogar centralizado. Quando Wenger tirou van Persie do Feyenoord, foi para que ele fosse, sim, o centroavante. Mas mais que isso, ele pretendia que o holandês aprendesse o ofício de Henry (que voava em 2004) e o substituísse. Henry, em seu melhor momento, voava pela esquerda num Arsenal que quase não precisava da bola (marcava quase sempre em arrancadas de contra-ataque pela esquerda), e brilhou na temporada vencida de forma invicta pelos ‘gunners’, algo que nenhum outro grande inglês tem.
Van Persie tem capacidade técnica mas, entre outras coisas, não consegue completar uma temporada sem se lesionar. Já brinquei que ele tem contrato vitalício com o departamento médico do clube inglês.
A curiosidade da saída de van Persie para o clube inglês é que ele forçou a barra para ser vendido brigando com seu treinador, exatamente o mesmo van Marwijk que hoje comanda a seleção holandesa. Sua relação deteriorara após van Marwijk ter cortado o jogador da delegação do Feyenoord na decisão da Supercopa de 2002 contra o Real Madrid por considerar que o atacante fazia corpo mole nos treinamentos. Na temporada seguinte van Persie foi um "esquentador de banco", apesar de seu talento.
No fim das contas acho que Robin van Persie jogaria melhor se fizesse o "Robben" pela esquerda. Mas acho que entendo que van Marwijk confie mais em Kuyt para fazer a meia, uma decisão que tem menos a ver com o futebol.

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