terça-feira, 29 de junho de 2010

Síndrome do passe extra

Os jogos espanhóis (o time que Del Bosque coloca em campo hoje contra Portugal é o mesmo que decidiu a classificação contra o Chile, na última rodada da fase de grupos):

Espanha 0-1 Suíça
O time espanhol na surpreendente derrota na estréia:
ESP: 1/3/5/6/7/8/11/14/15/16/21.
[1] Casillas (uma curiosidade: a cara de pau da imprensa espanhola que tentou atribuir a responsabilidade da derrota à namorada de Casillas)
[3] Piqué / [5] Puyol no miolo da zaga. [5] é um dos jogadores que eu mais implico na vida: pra mim ele é ruim e estabanado, ainda que entenda bem o funcinamento do time e seja, de fato, um líder.
Os laterais, [15] Sergio Ramos e [11] Capdevila, alinham com os volantes [16] Sergio Busquets e [14] Xabi Alonso.
Um dos melhores passadores que vi jogar, [8] Xavi, é o organizador. [21] David Silva e [6] Iniesta estavam encarregados de fazer a condução e ligar meio e ataque.
[7] David Villa era o homem gol, mas não funcionou neste jogo.
O time suíço conseguiu exercer a marcação, interromper o ritmo proposto pelos espanhóis e fazer o seu gol com Gelson Fernandes, aos 7 minutos do 2º Tempo. Apesar do domínio espanhol, o goleiro Benaglio não foi figura da partida. Não concordo com a avaliação de muitos que li e ouvi, de que foi um resultado injusto. Se estivesse no lugar de Hitzfeld e enfrentasse, com uma seleção modesta, aquela que é considerada a seleção que melhor troca passes no mundo eu também optaria por uma marcação mais forte e tentar a sorte num contra-ataque. Não é um futebol bonito, mas foi eficiente neste jogo (depois a Suíça sucumbiu graças a sua incompetência em atacar e fazer gols).

Um pouco além dos 15’ de jogo Del Bosque colocou [9] Torres em campo, em lugar de um volante, Busquets. Isso obrigou [8] Xavi a jogar mais recuado, junto a [14] Xabi Alonso. Não era uma solução ruim, Xavi está acostumado a jogar assim também. No minuto seguinte foi a vez de [22] Jesús Navas substituir David Silva. Navas entrou muito bem, atuando como ala, enquanto Sérgio Ramos foi recuado para liberar um pouco mais a Xavi, novamente.
Aos 32 minutos o treinador espanhol abriu ainda mais sua equipe, colocando o centroavante [18] Pedro e retirando Iniesta. Mais uma vez a modificação interferiu no posicionamento de Xavi, que voltou a recuar. Apesar da presença de vários atacantes, o melhor lance espanhol foi uma bola no travessão, em chute de Xabi Alonso aos 25 minutos do 2º Tempo.

O jogo seguinte foi o da “recuperação”, um 2-0 contra Honduras que só não teve um ‘triplete’ de David Villa porque ele desperdiçou uma penalidade.
ESP: 1/3/5/7/8/9/11/14/15/16/22.
Saídas de Iniesta e David Silva para as entradas de ‘Niño’ Torres e Jesús Navas. Com essa entrada, Del Bosque colocou Torres no comando do ataque e abriu Navas pela direita e Villa pela esquerda. Torres que está mais preocuado em acertar as tabelas para Villa: segundo este artigo do Guardian [colocar link: http://www.guardian.co.uk/football/blog/2010/jun/28/world-cup-2010-fernando-torres-spain], ele está conformado fazendo o ‘Émile Heskey’ no time espanhol (um sacrilégio, eu sei... mas não deixa de ser interessante pensar este papel de coadjuvante aceito por Torres). Xavi, neste jogo, foi o homem mais adiantado do meio. Sérgio Busquets estava mais fixo na frente da zaga.
Xavi foi substituído por [10] Fabregas nos últimos 25 minutos. [13] Mata entrou em lugar de Torres, aos 25 do 2º tempo, devolvendo Villa ao comando de ataque. Aos 32 minutos foi a vez de [17] Arbeloa entrar para poupar Sérgio Ramos, na mesma função. Se este artigo fosse sobre basquete eu falaria em síndrome do passe extra... que diabos, o texto precisa disso: a Espanha sofreu neste jogo da síndrome do passe extra. A busca, o tempo inteiro, pelo passe para o jogador melhor colocado deixa de ser uma virtude quando falta o chamado ‘instinto matador’. Ou quando o jogador mehor colocado continua procurando alguém ainda melhor colocado. Sim, a Espanha fez 2-0 e o terceiro só não saiu porque Villa bateu muito mal o pênalti, mas foi pouco pela fraqueza do adversário e pelo volume de jogo espanhol. Inevitável que o jogador mais ambicioso tenha brilhado. Afinal a assistência, um termo tomado também de empréstimo ao basquete, só é contada quando sai o gol... Passes bonitos para quase gols são apenas passes bonitos.

Chile 1-2 Espanha:
ESP: 1/3/5/6/7/8/9/11/14/15/16.
Retorno de Iniesta para a saída de Navas. Este é o time que Del Bosque colocará em campo contra Portugal. Apesar das poucas modificações é importante notar que Villa não alinhou com Iniesta (desta vez pela direita) e Xavi, mas com Torres no comando de ataque. Villa começou mais a esquerda, perto da grande área, confrontando Medel. E ‘Niño’ Torres ligeiramente para a direita, mas próximo ao semicírculo. Por vezes, Villa abria até a linha lateral, mas dessa vez recuando menos do que no 2º jogo, sempre buscando explorar o acúmulo de funções defensivas de Ponce e Medel no esquema chileno.
Outra modificação interessante no desenho foi a postura bastante adiantada de Sérgio Ramos. Os gols surgiram em falhas chilenas (mas havia claro domínio territorial e das ações por parte dos espanhóis): o golaço de Villa que abriu o placar não aconteceria se o goleiro Bravo não fosse o ‘líbero’ cortando um passe para Torres na sua lateral direita, aos 24 minutos. Aos 37 a Espanha foi premiada duplamente: Jara não conseguiu dominar uma bola simples passada por Medel em saída de bola. Iniesta roubou a bola e houve trabalho bem feito na troca de passes por ele, Torres e Villa, terminando no gol de Iniesta. Duplamente premiada porque o árbitro mexicano Marco Rodríguez, expulsou o volante Estrada em lance que Torres tropeçou em si mesmo. Apenas a título de curiosidade os espanhóis são os únicos que ainda não levaram cartão nenhum na Copa.
Mas, mesmo com domínio espanhol, o que se viu depois foi a valentia (e a ousadia do esquema tático) do Chile. Sofrer um gol chileno e não fazer nenhum, vimos ontem no jogo das oitavas entre Brasil e o time dirigido por Bielsa, é uma proeza deste time espanhol do qual, se esperava mais. Fábregas e Javier Martínez ainda entraram no jogo, mas o panorama foi de uma certa acomodação.
A Espanha tem muito talento e tem centroavantes que mostraram em suas carreiras que são goleadores. Falta mostrar esta intenção na Copa.

Prévia de Paraguai e Japão

O Paraguai do técnico argentino Gerardo “Tata” Martino não pode contar com o volante Victor Cáceres, suspenso. Estão pendurados [13] Vera e [9] Santa Cruz, ambos no time titular. Dois jogadores que não foram titulares em nenhum dos 3 jogos do grupo F saem jogando contra o Japão: [10] Benítez – que atuou cerca de 25 minutos do letárgico empate contra a Nova Zelândia, substituindo Haedo Valdez, que sai da equipe hoje – e [20] Ortigoza, que substituirá o volante suspenso.
A formação:
[1] Justo Villar que apesar de já ter falhado nesta Copa, nos dá a alegria de poder falar ‘Rusto Bilhar’.
[6] Bonet / [14] Paulo Da Silva / [21] Alcaraz / [3] Morel Rodríguez
[20] Ortigoza ficará mais fixo na frente da zaga; [13] Vera pela direita e [16 Riveros do outro lado.
No ataque, [9] Roque Santa Cruz e [19] Lucas Barrios ficam mais próximos ao gol; [10] ‘El Pájaro’ Benítez (que não é titular absoluto no Pachuca, do México, e tem apenas 22 anos) deve fazer o melhor para imitar Haedo Valdez que, ao que consta, não está contundido. Se isso ocorrer, Benítez será visto muitas vezes fechando a marcação de meio quando o Japão tiver a bola. Nas eliminatórias Benítez jogou 8 partidas e fez 1 gol (o empate de 1-1 fora de casa contra o Equador). Barrios ainda não havia se naturalizado paraguaio. E Santa Cruz fez 3 gols em 5 jogos (todos no “1º turno” das eliminatórias e um deles na vitória de 2-0 sobre o Brasil, em Assunción). Apenas para comparação, Cabañas que não pôde ir ao Mundial por conta do tiro que levou na cabeça fez 6 gols em 15 jogos, Óscar “Taquara” Cardoso, que teve uma temporada muito boa pelo Benfica, 2 gols em 12 jogos, e Haedo Valdéz, 5 gols em 17 partidas. Os dois últimos estão disponíveis no banco. É a melhor safra de atacantes que o Paraguai teve, sem nenhuma dúvida.

O Japão foi a seleção mais fácil de mapear: o time titular de hoje é o mesmo desde a estréia. A formação:
G: [21] Kawashima
Z: [3] Komano / [22] Nakazawa / [4] Marcus Tulio Tanaka / [5] Nagatomo (pendurado)
MC: [17] Hasebe (cap.) / [2] Abe (pendurado) / [7] Endo (pendurado)
A: [8] Matsui / [18] Honda / [16] Okubo
No meio [2] Abe fica mais recuado; no ataque [18] Honda, o maior destaque desta equipe, joga mais a frente, mas tem liberdade de movimentação. Quem fecha o meio quando o Japão não tem a bola é [16] Okubo, que fica mais pela esquerda. O Paraguai deve tomar cuidado com as faltas próximas ao seu gol: [7] Endo e [18] Honda batem muito bem e Justo Villar é um goleiro ainda menos seguro do que Sorensen, que levou gols assim dos dois japoneses. Já os paraguaios devem levar perigo não só com seus atacantes: Paulo da Silva e Alcaraz são bons nas bolas aéreas. Túlio Tanaka é bom no jogo aéreo mas vai precisar que os companheiros também participem desta tarefa.
Acho que o Paraguai avança.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O tal do encaixe

A esta altura você já sabe que o Brasil não terá Felipe Melo e Elano, contundidos. Ramires e Daniel Alves entram no time titular. O Chile terá Suazo, só não se sabe se em suas melhores condições. A formação:
[1] Júlio César
[2] Maicon / [3] Lúcio / [4] Juan / [6] Michel Bastos
[13] Daniel Alves / [8] Gilberto Silva / [18] Ramires
[10] Kaká / [11] Robinho
[9] Luís Fabiano
Poderíamos colocar Gilberto Silva na linha dos laterais, claro. Ramires e Daniel Alves tem condição de dar mais rapidez ao time. Terão que recompor rapidamente também, Ramires principalmente, para dar suporte ao ponto fraco da Seleção que é Michel Bastos (e eu gosto do meia direita Michel Bastos do Lyon, ou do Lille até mais). Juan, Ramires e Luís Fabiano estão pendurados.
O favoritismo é indiscutível. Não é certeza de resultado, nunca é (e o já ganhou já ferrou o Brasil algumas vezes). Mas é indiscutível. Nas eliminatórias Dunga ganhou vida extra (foi o momento em que foi mais questionado, acreditava-se que, se o Brasil perdesse o jogo, seria demitido), com um 3-0 fora de casa, 2 de Luís Fabiano e um de Robinho. Já no fim da campanha, em casa, obteve uma vitória de 4-2, com um hat trick de Nilmar e um gol de Julio Baptista. Nas duas vezes a equipe treinada por Bielsa não se colocou atrás e ofereceu ao time de Dunga a chance de usar sua arma favorita, o contra-ataque.
A equipe chilena continua oferecendo o contra-ataque nesta Copa do Mundo. Bielsa acredita que melhor do que pensar nos pontos fortes do seu adversário é pensar em como explorar as fraquezas do oponente. Mas, se já partia em desvantagem pelo elenco disponível e pela tradição, imagine montar seu time sem os jogadores que você confia na zaga. Pois Bielsa não terá Waldo Ponce (dicas cretinas de pronúncia: repita comigo ‘Ualdo’ Ponce) e Gary Medel (outra: GÁ-ri), o Medel que no Boca é capaz de jogar em qualquer posição defensiva, embora jogue mais de volante, o Medel que é chamado de Pittbull com motivos (não como os jogadores brasileiros que já receberam o ‘apodo’). Perde também Estrada, expulso em decisão absurda no jogo contra a Espanha (lance em que Fernando ‘Niño’ Torres tropeçou sozinho), mas este só jogou, então, porque Carmona, o titular, estava suspenso.
As soluções criativas de Bielsa, que vem dando muito certo no Chile, ficaram em cheque quando a Argentina, após ter nadado de braçada nas eliminatórias, fracassaram na Copa de 2002. Mas trata-se de um treinador que só faz bem ao esporte, inventando, buscando soluções. Minha suspeita é de que o nada insano treinador argentino buscará explorar as deficiências de M. Bastos com a velocidade de Alexis Sánchez. Mas que ‘morrerá’ porque não abrirá mão de pressionar a saída de bola de Gilberto Silva e Ramires, o que, no caso brasileiro, sempre abre os espaços que Kaká e Robinho precisam para render.

E Robben jogará desde o início

Holanda vai de 1 a 11.

As novidades da seleção holandesa: [11] Robben vai de titular pela 1ª vez neste mundial, recuperado de lesão e barrando Rafael van der Vaart, como era previsto. E [2] van der Wiel volta ao time em lugar de Boulahrouz.
Bert van Marwijk é um técnico que não costuma modificar tanto uma equipe. Este é, exceto por van der Vaart, o time dos dois primeiros jogos. A mudança do 3º jogo (que achei que permaneceria neste) era a saída do inexperiente van der Wiel para a entrada de Boulahrouz, que não é bom jogador também, mas é um marcador mais eficiente.
Os pontos fracos da Holanda são os laterais. O veterano Giovani van Bronckhorst, capitão do time, é hoje a “Avenida Gio”. Seus melhores momentos hoje são uns brilharecos ofensivos.
Do meio para a frente quem decepciona até aqui é van Persie (que tem contrato com o Depto. Médico do Arsenal). A Holanda brilha mesmo é com Sneijder, mas o meia da Internazionale deve ter a colaboração de Robben hoje. O raçudo Kuyt (dica cretina de pronúncia: ‘Kâilt’) sempre aparece se a categoria dos outros jogadores não resolve.

No gol [1] Stekelenburg; na zaga: [2] Van der Wiel / [3] Heitinga / [4] Mathijsen / [5] van Bronckhorst. O meio tem [6] van Bommel e [8] De Jong são os volantes. Na frente os três meias com muita capacidade ofensiva: [7] Kuyt, [10] Sneijder e [11] Robben (que já havia jogado cerca de 20 minutos na estréia e no 3º jogo). O ataque terá novamente [9] van Persie.

A Eslováquia, que só está nesta fase porque a Itália achou que avançaria com a camisa, não tem muito o que oferecer. No gol está Mucha, goleiro que o Everton contratou agora ao Légia Varsóvia, que é apenas razoável. A defesa é a do jogo contra a Itália, o 3º jogo, única vitória da equipe: [2] Pekarik / [3] Skrtel / [16] Durica / [5] Zabavnik (que foi lateral direito no jogo de estréia e mostra dificuldades para dominar a bola em alguns momentos).
No meio, [19] Kucka é o volante (substitui Strba que está suspenso e jogou os três jogos). Imagino que ele tenha a mesma função do titular, que é ficar preso na proteção da zaga e até mesmo recuar para fazer um terceiro zagueiro.
Mais adiantados, mas com importantes funções defensivas estão [15] Stoch, que era do elenco de apoio do Chelsea, mas está desde a temporada passada no Twente, da Holanda / [7] Weiss, que é do Manchester City, mas esteve emprestado ao Bolton / [17] Hamsík, que ainda não repetiu as atuações do Napoli / [18] Jendrisek, que era do Kaiserslautern, mas foi para o Schalke 04 este ano. (pro site da FIFA [7] / [17] / [18], da direita para a esquerda)
No ataque, isolado, estará [11] Robert Vittek (o site da FIFA prevê Vitek e Jendrisek no ataque).

É uma pena que esta partida será apitada pelo Undiano Mallenco, um adorador da manutenção da disciplina pela farta (e indiscriminada) distribuição de cartões amarelos.

domingo, 27 de junho de 2010

Aguirre e seus laterais direitos...

A parte mais legal de fazer a prévia é que, mesmo com as escalações e as informações do que fizeram nos jogos anteriores, a chance de erro é grande. Dessa vez 'El Basco' Aguirre me derrubou com uma que não pensei mas faz sentido.
Ele manteve Marquez no meio, recuando Juárez para a lateral direita. Osório, que costuma jogar mesmo na zaga central, faria um "zagueiro pela direita", eu pensava, com base no que já havia ocorrido.
Ele perde um pouco de tamanho no miolo de zaga, Osório tem apenas 1,73m, mas isso é relativo: Márquez ainda está ali na frente e 'Maza' Rodríguez é imenso (1,91m).
A opção é diferente de tudo que Aguirre tinha feito, pois ele estreou com Paul Aguilar, lateral direito, no meio de campo e Juárez, tambem um "lateral direito", de volante pela direita, ao lado de Torrado.
[Neste momento sai o gol de Tévez, em impedimento...]
No jogo seguinte Juárez foi para a posição de Aguilar e Márquez pro meio.

[E agora é hora de Higuaín fazer o segundo, aliás um golaço... falhou feio Osório].

Anotação minha no jogo de estréia, que não veio pro blog:
Há uma variação em que, de fato, ‘Maza’ Rodríguez vai para trás de Rafa Márquez e Salcido recompõe como lateral esquerdo (posição que ocupa no PSV Eindhoven, onde está desde 06). Aguilar neste caso continua adiantado, ocupando a mesma linha que Torrado.

Aguirre incorporando laterais direitos ao meio para superar limitações de elenco... lembra algum outro treinador de outra seleção mais poderosa?

Um favoritismo evidente

Começo pelo azarão (há um favorito evidente neste confronto).
O goleiro nanico (apenas 1,72m, mais um numa “escola” de goleiros tampinhas) [1] Óscar Pérez está de volta como titular numa Copa (ele era o goleiro em 2002, quando o técnico era o mesmo de agora, Javier Aguirre). Goleiro histórico de ‘La Maquina Cementera’ (apelido do Cruz Azul), ‘El Conejo’, hoje com 37 anos, defende, por empréstimo, os Jaguares de Chiapas.
A zaga deve formar com: [5] Osorio / [4] Rafa Márquez / [2] Francisco ‘Maza’ Rodríguez / [3] Salcido. Márquez foi zagueiro no jogo de estréia, mas volante nos outros dois. Salcido jogava aberto no meio, até pela ausência de Guardado, que ainda não está completamente recuperado de lesão, embora, eventualmente, fizesse a lateral esquerda.

No meio veremos [16] Efraim Juárez pela direita, [6] ‘El Borrego’ Torrado no centro e [18] Guardado pela esquerda. Guardado é um jogador de maior presença ofensiva neste meio de campo. Embora sejam jogadores experientes, capazes, é aqui que o México deve ter seus maiores problemas.

O ataque tem a novidade mais estranha do jogo: [21] Adolfo “Bofo” Bautista de centroavante em lugar de Guille Franco, argentino de nascimento (e altamente contestado pelos mexicanos desde que foi nacionalizado, ainda com o técnico La Volpe, outro argentino). Bautista ainda não havia entrado, nem como substituto nesta Copa. É um centroavante experiente e bom no jogo aéreo (com 1,85 é o jogador mais alto disponível para o ataque mexicano).

Além dele, finalmente [14] ‘Chicharito’ Hernández vai como titular. Aos 22 anos, contratado pelo Manchester United, é o jogador com melhores condições para atormentar a zaga argentina. A velocidade de [17] Giovani dos Santos também pode causar alguns estragos. Espero Henández um pouco mais pela esquerda, Giovani na direita e ‘Bofo’ mais centralizado.

Maradona, que ainda não repetiu equipe, escalou a Argentina com [22] Romero no gol, como nos outros jogos. Na zaga repete 3 jogadores do jogo 3, forçado pela ausência de Samuel: [15] Otamendi [2] Demichelis e [4] Burdisso. Na esquerda [6] ‘El Gringo’ Heinze retorna em lugar de Clemente Rodríguez.
No meio, Verón realmente não jogará (havia dúvida até o fim). [14] Mascherano fica protegendo a zaga. Pelos lados [20] Maxi Rodríguez e [7] Di María ficam encarregados de determinar a velocidade da partida.
No ataque [11] Tevez terá maiores responsabilidades de recompor com o meio quando a bola estiver com os mexicanos. [10] Messi, que para o meu gosto estaria mais pela direita, mas joga demais pelo centro também, tem liberdade para criar e chegar. [9] ´Pipita’ Higuaín, o centroavante, sabe jogar para fazer com que o ataque funcione como um todo, melhora o jogo de seus companheiros e não é meramente um jogador oportunista.
Outra vantagem argentina: as opções de banco... ou você acha que, se o jogo apertar, Verón, Agüero, Milito e mesmo o moleque Pastore (20 anos) não são opções melhores que Blanco e Vela?
Uma surpresa é possível, claro, mas você apostaria todo o seu dinheiro no México hoje?

Será que a Inglaterra acorda hoje?

Historicamente o English Team venceu 12 das 27 partidas contra a Alemanha, perdendo 10 destes confrontos. A vitória mais importante é, obviamente, a decisão de 1966, que deu o único título aos ingleses, com a presença da rainha e com direito a um gol, o 3º, que até hoje se debate se a bola entrou ou não.

Os times da decisão de 1966 (segundo o maravilhoso livro de Jonathan Wilson, Inverting the Pyramid: the history of football tactics, publicado em 2008, pela Orion Books):
A Inglaterra num 4-1-3-2:
Banks
Cohen / J. Charlton / Moore / Wilson
Stiles
Ball / B. Charlton / Peters
Hunt / Hurst

A Alemanha num 4-2-4:
Tilkowski
Höttges / Schulz / Weber / Schnellinger
Beckenbauer / Overath
Haller / Seeler / Held / Emmerich

Em 70 a história foi outra: a Alemanha, que terminaria em 3º, despachava a Inglaterra da Copa com um 3-2. A Inglaterra ficou fora das Copas de 1974 e 1978. Em 1982, enfrentaria a Alemanha na segunda fase, num 0-0, mas terminaria sua chave (eram 4 grupos de 3 times na segunda fase naquele formato de competição) em 2º, exatamente atrás da Alemanha, que só perderia na final para a Itália. Em 1986, a Inglaterra não foi eliminada pela Alemanha, mas pelo gol de mão e pelo gol mais sensacional que vi numa Copa do Mundo, ambos obra de Diego Maradona. Mas foi a Alemanha que terminou na final, perdendo para a Argentina.
4 anos depois a Inglaterra empatou em um gol com a Alemanha, mas perdeu a decisão por penais e terminou decidindo (e perdendo) o 3º lugar contra a Itália. 1994 não teve a Inglaterra. Em 1998 nova queda para a Argentina (e, neste caso, uma nova queda em penais). Em 2002, o English Team perdeu pro Brasil. Onde entra a Alemanha? Foi finalista, perdendo para o Brasil. E em 2006 (sei que forço a barra), perdeu para Portugal que acabou decidindo (e perdendo) a disputa pelo 3º lugar para a... Sie wissen was ich meine.
O pior mesmo é que nesta Copa da África do Sul, a Inglaterra vai para este jogo sem ter feito ainda uma partida realmente convincente: um empate em 1-1 contra os EUA em que se encontrou logo um culpado (Robert Green perdeu a posição para David James). Mas em que jogadores fundamentais como Lampard e Rooney não se apresentaram. A letargia da partida sem gols contra a Argélia foi aflitiva. Este segundo empate obrigava a Inglaterra a vencer o jogo contra a Eslovênia ou repetir o fiasco francês de voltar para casa muito antes do previsto.
Há jogadores talentosos para virar tudo a partir de agora.
A Inglaterra vai pro jogo repetindo a escalação do 3º jogo:
[1] David James que ainda não sofreu nenhum gol na Copa;
A zaga com [2] Johnson / [15] Upson / [6] Terry / [3] A. Cole foi titular apenas no 3º jogo. No jogo contra os EUA o titular foi o permanentemente lesionado (ele não consegue nem treinar) King. Foi substituído no intervalo por Carragher que está longe de sua melhor fase técnica. O zagueiro do Liverpool conseguiu levar cartões nesta partida e na seguinte, e foi suspenso para o jogo contra a Eslovênia, abrindo a vaga para Upson.
O meio também é o do 3º jogo: [16] Milner / [8] Gerrard / [14] Barry / [4] Gerrard. Esta configuração tira Gerrard de sua posição de preferência, o “assunto tático” dos últimos anos na Inglaterra: como colocar Lampard e Gerrard juntos? Na estréia, lado a lado, Gerrard até foi razoavelmente bem. Lampard, não. Barry, que entrou no meio na 2ª partida, dá maior experiência ao time. Milner foi substituído com cerca de 33 minutos na estréia, mas jogou na última partida e esteve melhor do que Lennon, que jogou as duas primeiras partidas mas estava no pacote dos que não foram capazes de produzir.
Na frente o baixinho mordedor (Mascherano lembra o por quê), Defoe, completa o ataque com Rooney, que é o jogador que mais deve nesta seleção inglesa. Mr. M, [21] Emile Heskey, o atacante pedreiro, foi pro banco e não fará a parede, que deu certo aos 4’ de jogo na estréia, mas depois foi o desastre habitual.

Do lado alemão a trajetória foi melhor, mas não sem acidentes: uma entusiasmante goleada na estréia, 4-0 contra uma Austrália de peito aberto; uma volta a realidade no jogo em que foi derrotado 0-1 pela Sérvia (embora isto só tenha ocorrido a partir da expulsão equivocada de Klose); e vencendo Gana (que já está nas quartas) por apenas 1-0.
A Alemanha vai pro jogo com:
[1] Manuel Neuer
A zaga se livra do péssimo BADstuber pela lateral esquerda (que estava nos 2 primeiros jogos): [16] Lahm / [17] Mertesacker / [3] Friedrich / [20] Boateng
O meio tem: [7] Schweinsteiger (embora não se saiba em que condições físicas) e [6] Khedira como volantes de sonho (afinal os dois sabem jogar). E chegando ao ataque: [13] Thomas Müller (a contusão de Ballack foi uma benção); [8] Özil e [10] Podolski, o centroavante convertido em meia pela esquerda. [11] Klose volta da supensão, no ataque.

sábado, 26 de junho de 2010

Clark teve seu dia de Rodrigo Mancha, mas eu errei antes dele

Errei: Inkoom realmente está de ala pela direita. E a bola de cristal tem a sua melhor chance: o gol logo no início de Gana (de Kevin Prince Boateng) não significará derrota dos EUA... inclua uma risada tenebrosa aqui.
A lentidão do lado esquerdo da zaga dos EUA com Bocanegra e Bornstein não ficaria evidente contra a fraca Argélia, único jogo destes dois na Copa. Mas, mesmo se Onyewu jogasse, Rajevac estaria certo se explorasse a lentidão de Bocanegra.
Por outro lado posso considerar acerto ter falado que havia um problema, uma indecisão, de Bob Bradley a respeito de quem faz parceria com seu filho no meio de campo?
Clark teve seu dia de Rodrigo Mancha, mas Bob Bradley deu um exemplo de como tratar o atleta que ele teve que substituir com meia hora de jogo. Não havia como mantê-lo em campo. Mas Bradley fez questão de dar carinho ao jogador. Quantos que falam em "família" isso, "família" aquilo, nem olhariam para o cara?

EUA versus Gana

Oitavas jogo 2 prévia EUA-Gana

EUA:
Jogos no grupo C:
Estréia: 1-1 Inglaterra. Um frangaço (Green engoliu a bola num chute de Dempsey, que nem pegou tão bem) garantiu o 1º ponto norte-americano. Apesar de ter sido através desta falha, o resultado foi coerente (#convocaDunga) com o que se viu da partida. O gol inglês surgiu muito rapidamente, numa boa jogada de Emile Heskey – o mais contestado jogador inglês, chamado de Mr. M pelo Guardian – completada por Gerrard. Mas foi um brilhareco este início do English Team.
Novo empate 2-2 com a Eslovênia. A seleção norte-americana perdia de 0-2 e buscou o resultado. Na verdade virou o jogo, mas o árbitro Koman Coulibaly (de Mali), anulou um GO legítimo de forma absurda.
A vitória com um gol nos acréscimos: 1-0, gol de Landon Donovan contra a Argélia, quando os EUA pareciam eliminados e o jogo entre Eslovenia e Inglaterra já havia acabado.Também nesta partida foi anulado um gol legal dos norte-americanos. Mas foi um lance bem mais difícil, um erro aceitável.
Gana, por sua vez venceu a Sérvia (1-0), empatou com a Austrália (1-1) e perdeu para a Alemanha (0-1).
Os EUA jogam com o experiente [1] Howard (goleiro do Everton com passgem pelo Man Utd) no gol. A zaga, com laterais que saem pouco, forma com [6] Cherundolo (do Hannover)/ [15] DeMerit (ex-capitão do Watford, mas que foi liberado após o fim do campeonato inglês) / [3] Bocanegra (do Rennes), que jogou as duas partidas iniciais na lateral esquerda mas foi deslocado para a 4ª zaga / [12] Bornstein, do Chivas USA, na lateral esquerda.
Esta escalação da zaga repete o 3º jogo, em que Bocanegra foi para a 4ª zaga em lugar de Onyewu (do Milan).
No meio dois volantes protegem a zaga, [4] Bradley (do Borussia M’gladbach) e mais um – já explico – e liberam as duas peças mais capazes (e versáteis) do time: [10] Landon Donovan (do L.A. Galaxy, mas com duas passagens pelo Bayern Munique e que melhorou este ano o jogo do Everton no campeonato inglês) e [8] Clint Dempsey (jogador do Fulham). Eles iniciam o jogo um pouco mais abertos, mas variam muito de posicionamento durante a partida. Ambos atuam também como atacantes, conduzem bem a bola e são bons finalizadores.
Sobre os volantes, explico: contra a Inglaterra jogou [13] Ricardo Clark (do Eintracht Frankfurt), contra a Eslovênia a posição foi de [16] Torres, do Pachuca. Na partida decisiva [19] Maurice Edu, jogador do Glasgow Rangers, foi quem jogou por ali. Hoje será Clark, novamente. Em seu 1º ano de Bundesliga ele esteve contundido a maior parte do tempo.
O ataque é composto por [20] Robbie Findley (do Real Salt Lake) e [17] Jozy Altidore (que pertence ao Villarreal, mas esteve, por empréstimo, no Hull City). Altidore é ainda um jogador em formação: muito forte fisicamente, mas que erra demais. No 3º jogo Findley estava suspenso, em seu lugar jogou Gómez, do Puebla (um dos artilheiros do último campeonato mexicano).

Na equipe ganesa há uma novidade, [7] Inkoom. Ele costuma jogar como lateral direito ou zagueiro pelo Basel, mas está escalado no meio. O goleiro será como nas outras partidas o reserva do Wigan, Kingson.
A zaga formará como na 3ª partida: [4] Pantsil (do Fulham) / [8] Jonathan Mensah, da Udinese, de apenas 19 anos e sem nenhum parentesco com o outro zagueiro / [5] John Mensah (do Lyon) / [2] Sarpei (Bayer Leverkusen)
No meio: a novidade [7] Inkoom e [6] Annan (do Rosenborg, da Noruega) protegem a zaga. [23] Kevin-Prince Boateng também tem papel mais de marcação. Durante as partidas de grupo eles liberavam 3 meias para chegar no atacante isolado. Mas hoje veremos apenas [21] Asamoah e [13] André Ayew. [12] Tagoe ficou de fora. [3] Gyan continua isolado no ataque.

Este "respeito" ganês mostra como houve evolução do futebol norte-americano. Acho que dá EUA.

Você sabe como joga a Coréia do Sul?

O confronto que abre as oitavas de final neste sábado às 11h da manhã não é uma novidade em Copas. Em 1990 o Uruguai venceu por 1-0 este confronto pela última rodada do Grupo G terminando uma posição acima dos sul-coreanos. Infelizmente, para ambos, eram as últimas colocações do grupo e eles foram eliminados (foi a única vitória celeste naquela Copa e a Coréia do Sul era um saco de pancada, perdeu todos os jogos).
O Uruguai passou em 1º no Grupo A e, após um empate sem gols com a então favorita – e hoje já em Paris – seleção treinada por Raymond Domenech, foi capaz de vencer seus dois últimos jogos, primeiro batendo os anfitriões por 3-0 e derrotando por 1-0 o México no jogo que acabou não sendo de compadres. Nada mal para a seleção que entrou no grupo pelo pote 4.
Já a Coréia do Sul bateu a Grécia em sua estréia por 2-0. Na partida seguinte foi exposta pela Argentina, embora o 4-1 tenha surgido no fim (houve um momento no 2º tempo em que a Coréia perdia por um gol de diferença e teve algumas chances reais de gol, embora a Argentina seja superior). A equipe asiática conseguiu sua classificação no empate em 2-2 com a Nigéria, partida em que contou com a sorte. Não concorda? Reveja os melhores momentos... eles contém um dos ‘piores’ momentos da história das Copas, talvez o gol ‘mais’ perdido. Isso é tão óbvio quanto a inacreditável musculatura do pescoço de Yakubu, o centroavante do Everton, autor da proeza. Mas não há como dizer que a Coréia do Sul não tem méritos, e como já tratei dos favoritos para este confronto, os uruguaios, aqui no blog, começo pelos ‘underdogs’.

CORÉIA DO SUL

A equipe base coreana é formada pelo goleiro [18] Sungryong (os nomes coreanos estão grafados assim nas camisas, cujos números coloquei entre colchetes... e é bom lembrar que Park, Lee, Cha, Wong, são os nomes das famílias). O miolo de zaga tem [4] Yonghyung e [14] Jungsoo. Nas laterais, um pouco mais avançados temos [22] Duri pela direita e [12] Youngpyo do outro lado. Duri não jogou contra a Argentina, em seu lugar esteve [2] Beomseok.
A equipe trabalha no esquema “da moda”, o 4-2-3-1. [8] Jungwoo e [16] Sungyueng protege a zaga. Na frente deles, encarregados de conduzir a equipe ao ataque, estão [17] Chungyong, [7] Jisung (sim, o Park do Man Utd.) e [13] Jaesung (em lugar de [19] Kihun que foi o titular nas 3 partidas da fase de grupos). No ataque fica o camisa [10] Chuyoung, outro destaque da seleção (é excelente na cobrança de faltas, por exemplo). Jogador que, entretanto, foi o responsável pelo 1º gol sofrido por sua equipe nesta Copa, abrindo o placar da goleada argentina com um gol contra. Talvez a entrada de [13] Jaesung, indique alguma preocupação defensiva maior.

A equipe falha em bolas aéreas (o jogo da Grécia poderia ter começado muito mal para os sul-coreanos se Torosidis tivesse acertado o gol após um escanteio pela direita deixá-lo sozinho no meio da área, sem que ninguém confrontasse seu chute, logo aos 3 minutos de jogo). Mas também foi capaz de aprontar em bolas aéreas no ataque (está longe de ser um time baixinho e leve como reza a cartilha dos clichês de Copas para os asiáticos). E foi isso que fez, também na estréia, 3 minutos depois de sofrer perigo. Cobrança de [16] Sungyueng pela esquerda, a bola desvia num grego e [14] Jungsoo consegue chutá-la pro gol. Este gol foi “repetido” contra a Nigéria: cobrança de falta pela esquerda, pelo mesmo volante, com uma conclusão, desta vez mais estabanada, do mesmo zagueiro, que tentou o cabeceio... a bola bateu em seu pé por acaso. Era o gol de empate da Coréia do Sul, 1-1, naquele momento (a partida terminaria empatada em 2 gols).
O 2º gol no jogo contra a Grécia também indica um ponto forte dos sul-coreanos: assim que o zagueiro Vyntras perdeu o domínio da bola, [7] Jisung roubou e bateu deslocando o goleiro. O jogador mais conhecido da equipe asiática, desde 2005 no Manchester United (e antes disso no PSV Eindhoven, graças ao seu desempenho na Copa de 2002), marcou seu 3º gol em Copas, até aqui um em cada Copa que disputou.
Foi também aproveitando-se de um vacilo da zaga adversária que surgiu o único gol contra a Argentina. Demichelis teve dificuldades no domínio da bola e, de costas, não percebeu o adversário. [17] Chungyong pressionou, tomou a bola e fez o gol.
Os dois gols iniciais da Argentina surgiram em jogadas aéreas, cruzamentos que vieram da esquerda. O 1º com um gol contra do centroavante coreano. O 2º com um desvio no meio da área e a conclusão, também de cabeça, de Higuaín. Os outros gols também foram de “Pipita” Higuaín, mas o 3º ele só empurrou após uma jogada do maior jogador do mundo no momento, Lionel Messi (que chutou na trave). O 4º gol repetia a lição da bola alta, cruzada da esquerda, pro cabeceio do artilheiro.
Para fechar: embora [10] Chuyoung bata bem faltas, é necessário observar que em seu gol contra a Nigéria houve colaboração do bom goleiro nigeriano Eneyama, que teve alguns dos melhores momentos da Copa, mas também alguns dos piores apagões.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Prévia de Alemanha e Sérvia

Joachim Löw não vai mudar sua equipe, após o 4-0 contra a Austrália, uma estréia excelente. Na Sérvia, Radomir Antic faz três substituições:
Subotic entra em lugar de Lukovic (expulso aos 29 minutos do 2ºT, quando o jogo ainda estava 0-0);
Kuzmanovic substitui Milijas (o que, de fato, ocorre desde 17 minutos do 2ºT da estréia);
E sai Marko Pantelic (que teve uma estréia cheia de canelas), para a entrada de Ninkovic. Esta é a mudança tática da equipe, o volante que joga pelo Dinamo Kiev substituindo o centroavante veterano.
Se não estiver apenas com medo da Alemanha, Radomir Antic deve pedir que Jovanovic aproveite melhor o espaço que Lahm oferece.
A Alemanha que deu o melhor espetáculo da 1ª rodada da Copa do Mundo formou com Manuel Neuer no gol, seu miolo de zaga com Mertesacker pela direita e Friedrich pela esquerda (não caiam na formação que a FIFA apresenta, eles, volta e meia, invertem os zagueiros). Badstuber sobe menos pela lateral esquerda do que Lahm pela direita.
Schweinsteiger e Khedira (Schweini quase sempre um pouco atrás e à esquerda de seu companheiro) iniciam o meio. Ambos sabem conduzir o jogo e tem bom passe, são volantes “de sonho”. Abertos, Thomas Müller (na minha opinião o melhor jogador em campo na estréia) e Podolski (o melhor do jogo pelos votantes no site da FIFA) criam muitos problemas ofensivos. Mas, é importante notar, não foram atacados por laterais fortes no apoio. Özil ficou, surpreendentemente para mim, bem próximo ao atacante “isolado”, Klose. O meia do Werder Bremen foi destacado por boa parte da imprensa.
A Sérvia na derrota para Gana tinha Stojkovic no gol, Vidic e Lukovic no miolo de zaga, Ivanovic e Kolarov nas laterais, o primeiro sendo mais freqüente no apoio pela direita do que Kolarov. Milijas e Stankovic se posicionam pelo meio, mas não conseguiram ditar o jogo. Krasic, do CSKA Moscou e Jovanovic jogam bem mais avançados, mas não abrem tanto para as laterais.
Os atacantes foram pavorosos na partida inicial: Pantelic errou demais e o gigante Zigic parece cada vez mais não ter consciência de suas limitações, pois saía para buscar o jogo, sendo freqüente no jogo contra Gana, que estivesse atrás dos dois meias.
Resta saber se a Alemanha conseguirá se defender de uma equipe com maior condição ofensiva. E não parece que este teste ocorrerá no jogo de hoje.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Intervalo:
Cavani tem a responsabilidade de, quando o Uruguai não tem a bola, acompanhar a descida do lateral Masilela. Quando a bola é recuperada, entretanto, os três atacantes de origem (Forlán hoje está no meio) variam de posição. Quase sempre, neste tempo inicial, Forlán ficou livre, pouco incomodado pelos volantes da África do Sul.

Na zaga, Maxi Pereira foi recuado para a lateral direita, Fucile faz a esquerda e permite que Álvaro Pereira fique mais livre.

Na África do Sul, completamente controlada neste tempo inicial (até as vuvuzelas se calaram um pouco), é necessário que Pienaar busque comandar sua equipe. No Everton ele é ótimo coadjuvante. Mas como protagonista está devendo.

E Parreira perde seu volante favorito para o jogo contra a França: Dikgacoi (diga sem medo: DiRRAtuê)levou o 2o amarelo.

Tabárez tenta solucionar um problema

Fiquei surpreso ao ver no segundo jogo do 1º dia desta Copa o posicionamento dos atacantes uruguaios. Não por Forlán que, como gosta de fazer, sai da área e prefere ter a bola no pé e determinar o jogo. Mas por Luis Suárez. Ainda que algumas vezes ‘El Conejo’ tenha jogado centralizado, suas qualidades (óbvias aliás quando joga pelo Ajax, seu time desde 2007), são as de segundo atacante, principalmente quando joga aberto, aproveitando-se com velocidade e técnica dos laterais adversários e de falhas de coberturas defensivas.
Mas não foi isso que se viu. Obrigado por um sistema ortodoxo, em que parece ser obrigatória a existência de um centroavante, a virar este foco ofensivo, Suárez foi peça nula no jogo contra a França. Pior que isso: foi freqüente vê-lo muito próximo à Forlán, diminuindo o espaço e nem por isso oferecendo maiores possibilidades. (Quem olhou apenas o minuto inicial do jogo viu Suárez sair do meio da área e correr para as costas de Sagna... mas patinar). Pelo SporTV Lédio Carmona chegou a dizer, sem nenhum erro, que Suárez era um autêntico ponta. Infelizmente, depois disso, não foi nada autêntico. Nem ponta.
Com a entrada de Abreu, centroavante de fato, imaginou-se que o Uruguai resolveria o problema. Não foi o que aconteceu, Forlán continuou a ser embolado e não ajudado por seu companheiro.
Com as escalações para o jogo de daqui há pouco vejo que Edinson “não eu não errei é Edinson mesmo” Cavani, atacante do Palermo, entra em lugar de ‘Nacho González’. Veremos, espero, Suárez mais aberto, “El Matador” Cavani de centroavante e Forlán de ‘enganche’ (homem encarregado da ligação do meio com o ataque). A outra mudança uruguaia é a entrada de Fucile pela lateral, saindo Victorino (que fechava o lado direito da zaga, num esquema de 3 zagueiros: ele, Lugano e Godín).
Pelo lado sul-africano a única mudança é a entrada de Masilela na lateral esquerda. Substituição que vale desde o intervalo do jogo com o México, graças ao péssimo rendimento de Thwala como lateral esquerdo no 1ºT. Pé de Uva, conservador como sempre, joga com o time que parece ser, mesmo, a sua melhor formação.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Surpresa: estou com Pé de Uva


Acho Carlos Alberto Parreira – a quem chamo, não exatamente com carinho, de Pé de Uva – um técnico ultrapassado. Há anos ele vende um produto que não entrega: o técnico muito conhecedor de táticas, capaz de implementar um sistema de jogo organizado em qualquer equipe (o que é reforçado pelo vínculo que ele criou, habilmente, com palestras e eventos relacionados ao tema). Ainda que os resultados de seus trabalhos recentes não animem, ele sempre consegue compradores.
Mas burro ele não é. E tomou uma decisão acertada ao não incluir o ídolo sul-africano Matthew Booth no time titular para a estréia. Ainda que Booth seja, inegavelmente, um líder da equipe.
Pé de Uva sabe que o jogo que pode impedir o “vexame” – considero isso um exagero, dadas as óbvias limitações do elenco – de ser o primeiro anfitrião a cair ainda na fase inicial do torneio, é o de abertura, mesmo que tenha dito que os mexicanos são o conjunto mais forte do grupo.  Vencendo o México os Bafana Bafana poderiam sonhar com um empate ou mesmo uma vitória em um dos jogos restantes (e ‘El Tri’ teria a capacidade de retirar pontos de Uruguai e França).
Agora imagine que você tem um grande sujeito em seu time de peladas. Em altura inclusive (o substituto de Booth, Khumalo, deixa a seleção dez centímetros mais baixa). Do outro lado, entretanto, o time adversario é de ‘baixinhos’, nada de outro mundo, mas velozes. Tudo indica que seria inútil se eles tentassem vencer com jogadas altas. E aí o grande amigo apresenta o seu defeito: ele já não é nenhuma criança e seu forte nunca foi a recuperação após um drible. Se fosse meu amigo iria pro gol ou pro banco. Na hora.
Meus amigos podem dizer que o cara grande que já não consegue se recuperar após levar um drible sou eu, mas isso não vem ao caso.
Pelo México há jogadores capazes de aprontar em jogadas aéreas, como Guille Franco ou Rafa Márquez, ambos com 1,82m. A saída de Booth também permite que um mexicano, ‘Maza’ Rodríguez, com seu 1,91m, passe a jogador mais alto da partida. Mas ele pode ser marcado por Khumalo, apenas 3cm mais baixo.
Ao escolher Khumalo como titular, Parreira decidiu que os dez anos que separam os zagueiros serão mais importantes neste jogo do que os dez centímetros de altura. E que seu líder de 33 anos sairia humilhado de uma partida na qual tudo leva a crer que ele seria o ponto fraco atacado por jogadores capazes, rápidos e bem mais novos como Carlos Vela ou “Chacharito” Hernández.
Manteve também suas escolhas recentes (encontrar uma partida na qual Booth tenha sido o titular é bastante difícil).
(...)
Duplas de zaga (e participações de Booth e Khumalo) nos amistosos de preparação, dos jogos mais recentes para os mais antigos:
5/jun: 1-0 Dinamarca (Pretoria):
Khumalo jogou o lado de Mokoena. Booth estava no banco e de lá não saiu.
 O gol de Mphela surge após bom passe de Tshabalala nas costas do adversário (o 23 Patrick Mtiliga). O atacante aproveita a diagonal, e chuta cruzado, por baixo de Andersen. Foi o sexto gol de Mphela nos últimos 5 amistosos (3 deles de pênalti). ver em: http://www.youtube.com/watch?v=i6eXcExCL5k&feature=player_embedded
31/maio: 5-0 Guatemala (Peter Mokaba Stadium) (Mphela fez dois gols, mas ambos em pênaltis inexistentes, como pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=BvpYogEGnF8&feature=player_embedded)
Booth substitui Khumalo aos 21 do 2º T, quando a partida já estava 4-0. Mokoena jogou os 90 minutos.
Obs.: último jogo antes dos cortes. Benny McCarthy ficou sentado no banco e não foi utilizado. Bryce Moon, o lateral direito que vi jogando de volante pela direita pelo Panathinaikos numa Champions League (embora Placar, p. ex., no esquema tático desenhado, tenha o colocado na zaga do time de Parreira), jogou todo o 2º tempo e, no entanto, não impressionou ao treinador brasileiro.

27/maio: 2-1 Colômbia (Joannesburgo) (2 gols de pênalti, quer dizer, o árbitro deu pênalti, né? Modise e Mphela fizeram. Modise, aliás, erra a 1a cobrança)
Mokoena e Khumalo pelos 90 minutos, apesar das 5 substituições da equipe no amistoso. Booth estava no banco.
Video (veja como não há motivos para as penalidades): http://www.youtube.com/watch?v=vfec1V_ijwQ&feature=related

24/maio: 1-1 Bulgária (Joannesburgo) (o gol de Sangweni acontece depois de um escanteio que passa por toda a área e o defensor está do lado esquerdo para cabeceá-la para abrir o placar, http://www.youtube.com/watch?v=LdOaR7Cg1qM&feature=related).
Gaxa ou Sangweni (ambos em campo e mais acostumados à função de lateral direito), um dos dois formou a dupla de área com Khumalo. Mokoena, que joga mais freqüentemente como volante no futebol inglês, entrou apenas no 2ºT (substituindo Letsholonyane). Como Sangweni também saiu, podemos deduzir que era ele que acompanhava Khumalo.
Booth não entrou em campo.

16-maio: 4-0 Tailândia
Aqui a zaga também deve ter sido composta por Khumalo e Sangweni (com alguma possibilidade de que Gaxa tenha completado o miolo de zaga). Booth entra em lugar de Sangweni aos 31’/2ºT, quando o placar já apontava 3-0.

Tshabalala fez (cobrando falta) o 1º, Mphela fez dois e Parker completou a goleada, já no fim da partida.
 E estes foram os jogos da África do Sul desde que a seleção se reuniu, de vez, para a Copa. Vale reforçar que Booth não participou de nenhuma partida, também, da fase de eliminatórias (da qual a África do Sul participou porque qualificava para a Copa Africana de Nações).
(...)
Dito isso tudo, devo lembrar aos maníacos por apostas que as chances do México vencer com um gol de cabeça aumentaram (nada muito significativo, hehe), no momento em que dei razão a Parreira. A chance de um ‘Leojinx’ é potencializada com o apoio ao Pé de Uva. Sabe como é, né? A razão nem sempre ajuda no futebol... e minha bola de cristal veio embaçada de fábrica. Nela o resultado é 2-1 para os Bafana Bafana, com direito a alguma decisão controversa do árbitro Ravshan Irmatov, do Uzbequistão. E no outro jogo o Uruguai vence, por 1-0, num golaço de Forlán. Coisas da bola de cristal mais defeituosa que conheço.
(...)
Analisando os últimos jogos da seleção comandada por Carlos Alberto Parreira fica difícil entender a surpresa a respeito da ausência de Booth no time titular, não acham? E vocês escolheriam qual zagueiro?