domingo, 11 de julho de 2010

Pequenas Sociedades

A partida decisiva terá uma Holanda de 1 a 11, conforme ela foi projetada, e que só não foi possível colocar em campo na estréia por causa da lesão de Robben (e depois, por conta da suspensão de van der Wiel e De Jong).
A Espanha tinha uma única dúvida: quem seria o companheiro de ataque de Villa. Será novamente Pedro, o atacante baixinho, que chuta forte ( e gosta de chutar de longe) e alinha com o meio, obrigando defesas a espalhar para as laterais e concentrar menos jogadores dentro da área. Sua entrada permite uma das virtudes maiores desta seleção: a movimentação dos jogadores (principalmente os do meio).
Nada que satisfaça a quem,sabemos, pedirá por Fernando Llorente (por conta de sua ótima entrada contra Portugal, num jogo em que sua altura poderia desequilibrar a forte retranca adversária) ou Fernando Torres (um grande atacante, mas que, vindo de contusão grave, ainda não se apresentou como poderia), principalmente se as coisas começarem dando errado. Vão lembrar o gol que ele perdeu no final do jogo passado... e esquecer que quase qualquer zagueiro viria como um desembestado e foi por isso que Pedro tentou o drible, e que ele só perde o lance porque Friedrich fez o contrário, se aproximou com a velocidade certa para não passar do ponto e levar o drible. Pedro errou feio, sim, mas muito menos do que gritaram no dia. Se batesse de primeira a possibilidade de seu chute ser bloqueado, desviado ou isolado também existiria.
Uma explicação bastante didática a respeito do encaixe das concepções táticas deste jogo foi feita por Eduardo Cecconi (em um vídeo neste post , e explicado em texto posterior ).
Os espanhóis vem com um time um bocado ‘barcelonista’: Piqué, Puyol, Busquets, Xavi, Iniesta e Pedro são da base da equipe catalã. Villa se juntará a eles após a Copa. Dois holandeses passaram por lá, os mais experientes: van Bronckhorst foi blaugrana entre 2003 e 2007 e van Bommel jogou lá na temporada 2005-06. Capdevilla, embora seja do Villarreal, começou no Espanyol, também da Catalunha.
Os madridistas são Casillas, Sérgio Ramos e Xabi Alonso, mas apenas o goleiro é cria da equipe Ramos surgiu no Sevilla. Xabi Alonso, filho do ex-jogador Alonso (que está lá no álbum de figurinhas da Copa de 1982), é cria do Real Sociedad. Seu pai foi campeão espanhol duas vezes seguidas pela Sociedad, e uma terceira pelo Barcelona. Embora tenha nascido numa cidade basca, Xabi Alonso passou seus primeiros seis anos em Barcelona (seu pai foi jogar pelos blaugranas já na fase final da carreira, logo após o fracasso espanhol na Copa de 1982). Do lado holandês, van der Vaart continua na equipe da capital espanhola, mas apenas porque não foi negociado. Sneijder e Robben, descartados, ironicamente fizeram a final da Uefa Champions League pela Internazionale e pelo Bayern, respectivamente.
As duas equipes trabalham muito os passes, e as opções (jogadores sem a bola oferecem duas ou três opções de passe). É freqüente vê-los, pacientemente, girando a bola de um lado a outro. Não fizeram os jogos espetaculares que se esperava das duas seleções, mas chegaram na final porque foram capazes de explorar o jogo coletivo. Desconfio, entretanto, que será uma partida menos segura, mais nervosa. E que dará Holanda (espero não zicar), apesar do equilíbrio óbvio.

sábado, 10 de julho de 2010

Uma Alemanha muito mudada para a disputa do 3º lugar

Os times para a decisão do 3º lugar:
O Uruguai vem com poucas mudanças (em relação ao adversário), e vai formar com:

[1] Muslera
[4] Fucile / [2] Lugano / [3] Godín / [22] Cáceres
[16] Maxi Pereira / [15] Pérez / [17] Arévalo Ríos
[7] Cavani / [9] Suárez / [10] Forlán

Fucile é deslocado para a lateral direita, adiantando Maxi Pereira para o meio-campo. O miolo de zaga volta a ser o titular, o que não ocorria desde o 2º tempo do jogo contra a Coréia pelas oitavas, quando Godín se lesionou, sendo substituído por Victorino no intervalo. Hoje não haverá estréia de novo volante para compor com os dois que jogaram todas as partidas e foram destaques da Celeste: Pérez e Arévalo Ríos. E na frente o trio que foi encontrado por Tabárez para o segundo jogo e vem junto desde então (exceto pela ausência de Suárez, expulso no jogo contra Gana).

Já a Alemanha, que foi a melhor equipe da Copa até ser completamente dominada pela Espanha na semifinal, virá com muitas mudanças para esta reedição da disputa de 3º lugar da Copa de 1970. A melhor notícia é o retorno de Müller que considero o melhor jogador da Copa, junto com Sneijder, e, suspenso, não pôde atuar na semifinal. Mas Löw, o comedor de melecas, mudou até o goleiro. O time vai pra campo com um novo lateral esquerdo, [4] Aogo, que jogará junto com outros dois jogadores que podem atuar por ali, [20] Boateng, que foi o titular depois da barração de Badstuber, e [2] Jansen. Isso dá a idéia de como foi mal o titular nas duas primeiras partidas. Na ficha da FIFA eles colocam [2] Jansen na linha ofensiva de meio. Duvido que isso ocorra (mas já queimei a língua algumas vezes nesta Copa). Acredito que [7] Schweinsteiger jogará mais adiantado, pelo lado esquerdo. Também é possível (mas seria um erro) colocar Friedrich na lateral direita, posição que ele ocupava na Copa de 2006 (Lahm é que foi deslocado naquele ano para fazer a lateral esquerda). Friedrich tem sido maravilhoso pela quarta zaga. Veremos assim, se eu estiver correto:

[22] Butt
[20] Boateng / [17] Mertesacker / [3] Friedrich / [4] Aogo
[6] Khedira / [2] Jansen
[13] Müller / [8] Özil / [2] Jansen
[19] Cacau

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Esperanças depositadas em dois baixinhos

E, de fato, Joachim Löw coloca Trochowski em lugar de Thomas Müller. Sua equipe vai de
[1] Neuer
[16] Lahm / [17] Mertesacker / [3] Friedrich / [20] Boateng
[7] Schweinsteiger / [6] Khedira
[15] Trochowski / [8] Özil / [10] Podolski
[11] Klose

A Espanha entra com Pedro em lugar de Niño Torres. Pedro é o tipo de centroavante que gosta de fazer os seus gols e não apenas preparar jogadas, enquanto Fernando Torres estava parecendo acomodado com esta função. Pedro e Villa foi a dupla que encerrou o jogo (e fez o gol da classificação) contra o Paraguai.
[1] Casillas
[15] Sergio Ramos / [3] Piqué / [5] Puyol / [11] Capdevila
[16] Sergio Busquets / [14] Xabi Alonso
[8] Xavi / [6] Iniesta
[18] Pedro / [7] Villa

A dupla Pedro e Villa esteve pouco em campo ao mesmo tempo (ambos jogarão pelo Barcelona nesta temporada, embora ainda não se saiba qual será o espaço que Pedro terá para continuar a evoluir na equipe catalã). Até aqui foram 13 minutos mais acréscimos na derrota da estréia contra a Suíça (e com Niño Torres tabém em campo); no jogo contra Portugal, Pedro substituiu Villa, quando faltavam dois minutos para o fim do tempo regulamentar, terminando o jogo em dupla com Llorente; e no jogo contra o Paraguai nos últimos 15 minutos, entrando em lugar de Xabi Alonso, quando o Paraguai parecia bastante capaz de sustentar o 0-0. O gol de Villa saiu aos 38’ do 2º tempo.
Pedro é baixo, mas gosta de chutar (e chuta bem forte, de longe e com boa pontaria), busca jogo com velocidade pelos dois lados, e permitirá que Villa jogue mais próximo à área. Mas ele ainda é uma promessa. Villa já esteve nesta mesma posição e foi capaz de se impor tanto no Valencia quanto participando da equipe nacional.
A substituição alemã envolve a suspensão de Thomas Müller, o meu candidato a melhor jogador da Copa (ainda que os votos pareçam hoje cair todos em Schweinsteiger pela belíssima partida contra a Argentina, considero que o número 13 jogou melhor nas outras partidas, além de ter feito o gol logo no início contra os argentinos, abrindo o caminho da goleada alemã). Trochowski, o baixinho meia do Hamburger, rápido e habilidoso, deve trazer bons problemas para Capdevilla e Xabi Alonso.
Ele não entrou nas partidas iniciais da Alemanha, mas substituiu o próprio Müller aos 22’ do 2º tempo contra Gana, na partida final da fase de grupos; aos 27’/2T do jogo contra a Inglaterra quando o jogo já estava com o seu placar final; e nos 6 minutos finais da partida contra a Argentina, a tempo de estar em campo no gol final de Klose. Observando as substituições seria difícil imaginar outro jogador no lugar de Müller.
A Alemanha teve, até aqui, o melhor futebol da Copa, o que se imaginava que a Espanha teria, antes do mundial. A Espanha de Del Bosque toca muito bem a bola, como se esperava, mas parece menos brilhante do que na Eurocopa, quando venceu a própria Alemanha. Torço para que a Alemanha vença. Ou para que a Espanha reapareça. Mas acredito que seja um grave erro imaginar que ela possa abrir mão de Fabregas, deixando-o no banco. No meu time eu retiraria Xabi Alonso para colocar o meia do Arsenal. E você, em quem acredita?
(Em tempo: como sou eu, provavelmente ziquei as duas coisas, haha.)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Volantes

Não se trata de uma prévia. Passei os últimos dias sem conexão estável com a internet. Dei meu jeito, não é dos melhores mas é suficiente para que eu fale de uma curiosidade do jogo de hoje.

Óscar Tabárez promoveu uma intensa rotação de volantes: hoje estréia na Copa, [5] Walter Gargano (repita comigo: 'Uálter' Gargano). O jogador do Napoli formará o trio de volantes com Diego Pérez e Arévalo Ríos. A zaga tem o necessario retorno de Godín, mas perde o líder Diego Lugano. Victorino permanece na equipe. [11] Álvaro Pereira retorna ao time. [22] Cáceres substitui o lateral Fucile, também suspenso. O Uruguai perdeu também Lodeiro, contundido.

Do lado holandês [12] Boulahrouz em lugar do suspenso van der Wiel, colocando mais experiência e força defensiva (com alguma deslealdade, um bom par para van Bommel). No meio, também suspenso, De Jong sai para a entrada de [14] De Zeeuw. Trata-se de uma posição sem substitutos para o jogo de hoje. Caso qualquer coisa aconteça van Marwijk terá que improvisar ou alterar a maneira de jogar de sua equipe.

Do lado uruguaio, os volantes Pérez e Arévalo Ríos fizeram excelentes campeonatos até aqui. Pela Holanda, van Bommel faz bem o seu trabalho, liderando a equipe, chegando com a bola pelo meio sempre que necessário, além de ser um "excelente" auxiliar de arbitragem (ou comissário de jogo). De Jong era um ponto fraco do meio holandês, tornando o jogo muito lento, apesar de sua importância para o jogo defensivo.

Mas não há solução com o mesmo perfil defensivo de De Jong. De Zeeuw é um jogador mais fraco. E colocar apenas van Bommel na cabeça da área deixaria os zagueiros, que não são tão fortes, expostos demais.

Numa sobra volantes (e eles são utilizados), na outra não.

[Publico depois que o jogo está no intervalo, 1-1 em dois belos chutes de fora da área. Dureza, para quem preferia postar antes do jogo.]

sábado, 3 de julho de 2010

Mais um ferrolho

PARAGUAI:

[1] Justo Villar
O goleiro do Valladolid (Espanha, que caiu para a segunda divisão) não é muito seguro. Mas seus reservas são ainda menos confiáveis.

[2] Verón / [14] Paulo Da Silva / [21] Alcaraz / [3] Morel Rodríguez
Na zaga, Verón é a novidade, substituindo Bonet (que só não havia jogado na 3ª partida, o empate modorrento contra a Nova Zelândia, mas substituido então pelo veteraníssimo Caniza). Verón é jogador do Pumas/UNAM mexicano, e costuma manter-se na defesa (pode ser lateral direito ou beque central). Paulo da Silva e Alcaraz são bons no jogo aéreo e Morel Rodríguez é experiente, mas já não está no melhor da carreira (e acaba de ser dispensado pelo Boca Juniors).
[15] Victor Cáceres / [11] Jonathan Santana / [8] Edgar Barreto / [16] Riveros
No meio retorna de suspensão V. Cáceres, acostumado com as orientações de Gerardo “Tata” Martino desde que este foi seu técnico no Libertad. São 4 volantes, mesmo, embora Riveros possa jogar como meia. No site da FIFA (e eu acredito que será assim) Riveros fica atrás dos outros volantes. Um meio de campo bastante defensivo para se proteger do meio de campo que melhor troca passes no mundo.
[18] Haedo Valdéz / [7] Óscar “Tacuara” Cardozo
Valdéz vai correr como sempre e, dependendo de como jogar Riveros, deve ter que voltar para buscar jogo. É uma espécie de Kuyt paraguaio (não é um whisky, não falo em contrafação), um jogador que supera em vontade qualquer deficiência técnica. E nem é um bonde.
‘Tacuara’ Cardozo, com seu 1,92m, teve uma temporada muito boa pelo Benfica e é, freqüentemente, menosprezado por parecer desengonçado (a palavra Tacuara, guaraní, refere-se às suas pernas longas e é um apelido comum para pessoas altas no Paraguai).


ESPANHA:

Tratei bastante dos jogos espanhóis da fase de grupos (aqui), apontando também para a virtude do passe bem dado transformada em vício. O time espanhol é bastante conhecido e irá jogar assim:
[1] Casillas
[15] Sérgio Ramos / [3] Piqué / [5] Puyol / [11] Capdevilla
[16] Sérgio Busquets / [14] Xabi Alonso / [8] Xavi / [6] Iniesta
Obs.: Busquets tem ficado mais preso na proteção aos zagueiros. Xavi e Iniesta farão a Espanha jogar.
[7] Villa / [9] Torres
Espero ver Niño Torres com mais vontade, aceitando menos o papel de coadjuvante de Villa. David Villa que, por sua vez, continua ‘hambriento’.

A Espanha perdeu para o ferrolho suíço da estréia, mas conseguiu vencer a tentativa portuguesa de repetir placares zerados. Como se sairá contra o Paraguai?

Equipes mantidas (o quê? Diego escalou a mesma equipe?)

Maradona, surpreendentemente, repete pela 1ª vez na Copa. Na verdade, como lembra o especialista em futebol argentino, Renato “Zanata” Arnos, é a 1ª vez que a Argentina verá a mesma escalação desde que seu maior ídolo assumiu o comando da seleção (clique aqui para ir para o blog Futebol Argentino).
A Alemanha também será a mesma da partida anterior. Sua formação é, aliás,desde a estréia basicamente a mesma: a única diferença, sem alterar a equipe, é a presença de Boateng na lateral esquerda em lugar de Badstuber (que sentiu a responsabilidade; vale lembrar que Boateng tem 21 anos, assim como o antigo titular, são jogadores ainda em formação). Houve também a substituição de Klose por Cacau no 3º jogo, por suspensão do titular.
Argentina:
[22] Romero
[15] Otamendi / [2] Demichelis / [4] Burdisso / [6] Heinze
[14] Mascherano
[20] Maxi Rodriguez / [7] Di María
[10] Messi
[11] Tevez / [9] Higuaín

Alemanha:
[1] Manuel Neuer
[16] Lahm / [17] Mertesacker / [3] Friedrich / [20] Boateng
[6] Khedira / [7] Schweinsteiger
[13] Thomas Müller / [8] Özil / [10] Podolski
[11] Klose

Algumas curiosidades que tenho sobre duelos para este jogo:
O meio de campo alemão, principalmente seus dois “volantes”, conseguirão conter Maxi, Di María e, óbvio, Messi?
Conseguirá Otamendi, mais uma vez improvisado na lateral direita, ganhar os duelos com Podolski, o ex-centroavante convertido em meia-atacante pela esquerda?
Özil, que tem muito talento, mas é inconstante, vai se sair bem contra Mascherano?
Sai o gol de Messi, ou veremos mais algum gol de um titular muito criticado como Heinze ou Demichelis salvando os argentinos?

Tomara que seja o jogão que todos esperamos.

Atualização: 16h41: errei ao atribuir o post do blog Futebol Argentino ao Renato “Zanata” Arnos. O próprio Zanata me comunicou via twitter que era um post do Wagner Bordin, seu companheiro no blog, a quem devo desculpas pela atribuição incorreta de autoria.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Uruguai e Gana

Quartas, prévia de Uruguai e Gana:

Há duas grandes mudanças no time uruguaio: as saídas do zagueiro Diego Godín, o melhor zagueiro uruguaio (embora o líder seja, de fato, o outro Diego, o capitão Lugano), e o dublê de lateral esquerdo e apoiador, Álvaro Pereira. No lugar do zagueiro entra [6] Mauricio Victorino, para a mesma função (substituição “anunciada”, porque aconteceu no intervalo do jogo de oitavas). O volante [20] Álvaro Fernandez deve dar maior suporte defensivo (juntando-se a [17] Arévalo Ríos) e, talvez, libere [15] Diego Pérez um pouco mais para o jogo.
Na frente fico feliz porque acertei algumas coisas para o segundo jogo do Uruguai: Cavani recompõe no meio sem a bola, mas com a bola ele pode trocar com Forlán e liberar este para funcionar como gosta, com a bola nos pés. Suárez já se movimenta mais, também. E assim Tabárez tem sempre alguém para fazer a referência no ataque, sem subaproveitar seus atacantes.
Resta saber como jogará Gana sem André Ayew, suspenso. Seu substituto será [11] Sulley Muntari, jogador com capacidade técnica, mas sempre sujeito a chuvas e trovoadas como já vimos (na Udinese, no Portsmouth ou na Internazionale, ou mesmo pela seleção ganesa: em 2006 levou um cartão amarelo por jogo). Assim como acertei algumas coisas no caso uruguaio, errei feio na prévia que fiz de Gana para as oitavas (e comentei aqui): [7] Inkoon que realmente fez um meia pela direita, continua no jogo. Terá contra ele um lateral esquerdo, Fucile (do Porto), que é melhor marcando do que Bornstein dos EUA.

Kuyt, Sneijder, van Persie e van Marwijk

Não consegui fazer uma prévia Brasil e Holanda, graças a problemas em minha conexão (de quebra não mudei meu time de fantasy – o que fez com que Sneijder fosse mantido como capitão, então nem devo reclamar – e tive dificuldade de atualizar, e acompanhar, o twitter). Mas gostaria de repetir algumas anotações que eram para este post e continuam válidas.

Observando os jogos da fase de grupos apontei aqui que Kuyt foi meia pela direita. Uma das ferramentas que utilizo para conferir o posicionamento dos jogadores é o ‘heat map’ disponibilizado pelo site da FIFA. Eduardo Cecconi, no indispensável blog Preleção, foi perfeito ao demonstrar com dois desses mapas de calor que o posicionamento de Kuyt no jogo contra a Eslováquia foi alterado (clique aqui para ir ao Preleção): se na 1ª fase ele estava no meio alinhando com van der Vaart, no jogo das oitavas ele foi atacante, alinhando com Robben (cujo retorno reestabelecia o time titular idealizado por Bert van Marwijk).

O jogo era contra a Eslováquia, entretanto. O técnico holandês precisou que o trio de ataque (nenhua dúvida sobre isso naquele jogo) agredisse mais. Hoje, contra o Brasil, Kuyt ficou mais atrás, seu mapa de calor está mais vermelho em região próxima à linha divisória, pela esquerda. O de Sneijder também está nesta região, mas mais no círculo central. Robben mordeu, em busca de um contra-ataque, um pouco mais adiantado, mas ainda bem perto da "linha que divide o gramado". Perto da área brasileira, um pouco mais "alaranjado" devido à grande movimentação, estava van Persie.

Esta versatilidade, a possibilidade de jogar pelo contra-ataque, mas també conseguir propor o jogo, é uma clara vantagem da seleção holandesa sobre a brasileira. Que não jogou mal no tempo inicial, mas falhou no segundo tempo. Ainda assim não acho que o time de van Marwijk está, de todo, "acertado".

Kuyt seria, imagino, melhor escolha para jogar centralizado. Quando Wenger tirou van Persie do Feyenoord, foi para que ele fosse, sim, o centroavante. Mas mais que isso, ele pretendia que o holandês aprendesse o ofício de Henry (que voava em 2004) e o substituísse. Henry, em seu melhor momento, voava pela esquerda num Arsenal que quase não precisava da bola (marcava quase sempre em arrancadas de contra-ataque pela esquerda), e brilhou na temporada vencida de forma invicta pelos ‘gunners’, algo que nenhum outro grande inglês tem.
Van Persie tem capacidade técnica mas, entre outras coisas, não consegue completar uma temporada sem se lesionar. Já brinquei que ele tem contrato vitalício com o departamento médico do clube inglês.
A curiosidade da saída de van Persie para o clube inglês é que ele forçou a barra para ser vendido brigando com seu treinador, exatamente o mesmo van Marwijk que hoje comanda a seleção holandesa. Sua relação deteriorara após van Marwijk ter cortado o jogador da delegação do Feyenoord na decisão da Supercopa de 2002 contra o Real Madrid por considerar que o atacante fazia corpo mole nos treinamentos. Na temporada seguinte van Persie foi um "esquentador de banco", apesar de seu talento.
No fim das contas acho que Robin van Persie jogaria melhor se fizesse o "Robben" pela esquerda. Mas acho que entendo que van Marwijk confie mais em Kuyt para fazer a meia, uma decisão que tem menos a ver com o futebol.